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Virar as costas

  • Foto do escritor: sagradocoletivo1
    sagradocoletivo1
  • 13 de dez. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: 28 de dez. de 2024

Antes de Eva, veio Lilith.


Segundo a mitologia cristã, Lilith foi criada juntamente com Adão. O primeiro homem e a primeira mulher, em igualdade.


Lilith
Abandonar o paraíso.

Porém, Lilith não aceitava ser submissa ao seu companheiro, e acabou abandonando o Jardim do Éden. É óbvio que isso terminaria por associá-la ao mal.


Porque abandonou o paraíso? Não. Porque abandonou o homem.



Precisamos nos perguntar: que paraíso era esse, afinal, que não permitia à mulher tomar as próprias decisões?


Ora... um paraíso feito para o homem.


Identificar-se com Lilith é um passo na jornada da mulher que se compromete a romper com o mito de Eva. Porque Lilith, ao buscar satisfazer o próprio desejo, não assumiu o papel de culpada pela desgraça do homem. Ela simplesmente virou-lhe as costas.


Enxergar o desejo sob uma perspectiva que não seja baseada em um único deus, homem e machista, nos permite desenvolver a mesma segurança de Lilith.


O desejo é a ligadura do universo; une o elétron ao núcleo, o planeta ao sol e, desta maneira, cria a forma, cria o mundo. Realizar o desejo significa unir-se ao que é desejado, tornar-se uno, unido à Deusa. Já estamos unidas à Deusa, ela está conosco desde o início. Portanto, a satisfação não é autoindulgência, é autopercepção.*

Sim, satisfazer os nossos desejos é bom. É benéfico. É realizar o trabalho divino sobre a Terra.


Insistir em ser livre para desejar, mesmo vivendo em uma sociedade machista, é o maior ato de amor por si mesma que você pode realizar. E a Deusa, mulher, em oposição ao deus cristão homem e machista, se alegra com o seu desejo e o seu prazer.


Foi por isso que os sacerdotes dele inventaram o inferno... porque servem a um deus que não gosta de ver mulheres felizes, e as expulsa do paraíso.


Sejamos como Lilith: ninguém pode nos expulsar de onde não somos bem-vindas. Nós nos retiramos sem olhar para trás.


Livres para viver nosso próprio desejo.



* STARHAWK. A dança cósmica das feiticeiras - guia de rituais à Grande Deusa. Rio de Janeiro: Record, 1993, p. 72.



 
 

© 2025 por Marina Grilli. Todos os direitos reservados.

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